
Após 11 anos, eles já consolidaram o sucesso e, depois de passar por barzinhos, universidades e grandes casas de shows em todo o Brasil, lançam o quinto álbum. Aliás, esse é o primeiro DVD do grupo que não é ao vivo. “Precisávamos de uma novidade, uma coisa diferente. Então fomos num estúdio de gravação de videoclipe, montamos um cenário de balada e chamamos fãs, amigos e figurantes para fazerem parte desta balada com a gente. Além disso, a gente não toca num palco, e sim, no meio da galera, como se a gente estivesse fazendo parte da balada”, explicou o músico sobre o novo trabalho, “Inimigos da HP – Amigos da Balada”.
Nas lojas desde o mês de maio, o disco traz seis músicas inéditas e seis regravações. O diferencial é que os meninos transformaram sons de diferentes ritmos em puro samba. “Misturamos um pouco de tudo. Tem “Estoy Aqui”, da Shakira; “Garota Nacional”, do Skank; “Wisk a Gogo”, do Roupa Nova; “Fora da Lei”, do Ed Motta; “Evidências”, de Chitãozinho e Xororó, e “Deixo”, que ficou conhecida na voz de Ivete Sangalo”, enumerou o músico.
Apaixonado por rugby, videogame e pelo filho, Enrico, de um ano e nove meses, Sebá mostrou seu lado atleta, família e profissional em uma conversa com o iG/Babado. Confira.
Vocês já devem ter respondido essa pergunta centenas de vezes, mas por que Inimigos da HP?
Dos sete integrantes da banda, cinco se formaram em engenharia civil e chegaram a exercer a profissão. Então quando a gente montou a banda, em 99, com a galera praticamente se formando e tudo mais, eles estudavam muito tempo com a calculadora científica que todo mundo conhece como HP. Trabalhavam com ela a semana inteira. Quando a gente resolveu comprar os instrumentos e juntar os amigos para tocar, precisávamos de um nome. E pensamos que já que a gente ia fazer essa brincadeira de tocar no fim de semana, depois de estudar e trabalhar no meio da semana, podia ser um nome relacionado ao nosso trabalho. Então surgiu a brincadeira: durante a semana, somos engenheiros. No final de semana, pagodeiros, e a calculadora vai para a gaveta. Somos os Inimigos da HP.
Mas não é o seu caso. Você é publicitário, não?
Pra você ver como eu sou inimigo da HP desde que eu nasci (risos). Já nem quis saber dela.

Nesses 11 anos, o Inimigos segue com a mesma formação?
Sim. Teve uma pessoa que saiu, mas não colocamos ninguém no lugar. Ficaram os que começaram toda a brincadeira.
E o que mudou no som do grupo nesses 11 anos?
Olha, com certeza a qualidade melhorou bastante (risos). Tem uma coisa que é muito característica nossa em todo esse tempo, que é um samba diferente, uma batucada diferente, uma mistura de ritmos muito forte. Porque é uma banda numerosa e cada um trouxe um pouquinho do que gostava mais. Além de trazermos coisas que não são do samba. Regravamos e colocamos uma roupagem nova em músicas que não têm nada a ver com o samba. Tipo “Amor Perfeito”, do Roberto Carlos. Então isso é uma característica que a gente manteve. Mas, com certeza, a qualidade mudou bastante, a gente se aprimorou muito mais. Mas acho que o básico, a essência, é a mesma desde o começo.
E para o Sebá, o que mudou?
Muita coisa. Na verdade é muito estranho. Acho que a forma de vida, primeiro, vira do avesso. Você está acostumado a trabalhar de segunda a sexta, das 9h às 18h, no final de semana você tem folga. Já como artista, você não tem dia certo para trabalhar. Você vai trabalhar quando a galera está saindo pra descansar, que é sexta, sábado, domingo e feriados. Então acho que esse ritmo de vida muda muito. Trocar o dia pela noite também é uma coisa que muda bastante. Eu joguei rugby durante 20 anos, então é uma outra paixão que eu levava muito a sério e também tive que abrir mão. Foi uma decisão muito difícil. Cada um de nós abriu mão de alguma coisa. Você não tem tanto tempo para ir ao cinema, sair pra jantar com sua esposa, com sua namorada, passar tanto tempo com a família. Fora isso tem o lance de fazer sucesso, que é uma coisa super estranha. Até hoje a gente fica muito assustado com isso. Você chega a uma cidade do outro lado do país e tem 20 mil pessoas pra assistir seu show, cantando suas músicas. Essa coisa de sucesso é muito louca, mas a gente sempre teve o pé no chão para não se iludir.

O que é mais difícil, o assédio das fãs ou o corpo a corpo do rugby?
Olha, às vezes com as fãs o corpo a corpo fica mais violento (risos). Mas é gostoso. Muita gente não tem saco de receber fã em camarim e parar no meio da rua para dar um autógrafo, tirar foto. Talvez por marra ou por ter muito sucesso e ser alguma coisa incontrolável. É lógico que vou entender que a Madonna não pode sair na rua tranquilamente que vai ser uma loucura. Ou pegando exemplos aqui no Brasil, a Ivete Sangalo ou a Claudia Leitte saírem na rua normalmente, tranquilas, porque é lógico que o assédio vai ser um negócio louco. Mas acho que tem que valorizar pra caramba o fã. E não falo por demagogia ou para fazer moral. Quem conhece a gente e vai a nosso show, sabe que a gente recebe a galera numa boa e isso é supergostoso. E é um corpo a corpo que é legal de fazer.
Em algum momento o sucesso subiu à cabeça?
Não, eu sempre tive o pé no chão, até por ter passado por outras experiências dentro da música que acabaram não dando certo. Acho que a principal coisa é você saber que é um mercado muito difícil, com altos e baixos. Você pode estourar uma música e ser o maior sucesso durante seis meses. É o chamado artista de uma música só. O cara estoura uma música, é o maior sucesso, vai a todos os programas de TV, mídias, revistas, e de repente some, porque não tinha um trabalho, uma música que vinha depois daquela, uma base consolidada. Hoje em dia a informação também é muito rápida e o gosto das pessoas vai daqui a ali em um minuto. Um dia é o pagode, em seguida o sertanejo universitário, daqui a pouco a molecada corre para os coloridos, para os emos. Você tem que estar preparado para tudo isso. Então não é algo que subiu à cabeça de forma alguma. E eu sempre gosto de citar meus exemplos dentro do rugby, que é um esporte “mega-super-hiper-coletivo”. Você pode ser um jogador excelente, ser o melhor do mundo, mas se o time não funciona, você não vai receber uma bola, não vai poder armar uma jogada, não faz nada. Pra mim, a música do Inimigos é a mesma coisa. É todo mundo junto.
O som universitário surgiu com vocês. Depois do pagode, veio o sertanejo universitário. Acha que esse público é um pouco “ingrato”, trocando de estilo musical a cada quatro anos? Não seria melhor para o Inimigos ou para qualquer outro grupo não ter esse rótulo de universitário?
O Inimigos é totalmente o inverso de uma banda de samba. Geralmente a banda de samba nasce no gueto, nasce no morro. Mas isso não impede que os integrantes do Inimigos, que são de uma classe social mais alta, gostem de samba também. Então a gente começou também no inverso de tudo isso. Geralmente as pessoas tinham vergonha de falar: “eu gosto de samba, eu gosto de pagode”. Como tinha um monte de gente que tinha vergonha de falar que gosta de sertanejo, e hoje em dia adora. É uma coisa muito louca. Mas a gente começou a tocar para esse público e esse público cresceu. Mas tem a galera que entrou na faculdade agora e que está frequentando também. Então é um público que se renova. Tudo tem sua época, sua moda, mas consolidar essa carreira e ainda ter o público que vem, que comenta, é muito legal. Não acredito que seja um público ingrato. Mas é como todo jovem, eles vão também aonde a moda está. Hoje, com certeza, a maior parte do público universitário está virado para o sertanejo. Daqui um ano ou dois, pode estar virado para uma outra tendência.

Hoje a carreira de vocês já está consolidada, mas vocês tiveram algum tipo de preconceito quanto ao que você falou, de não terem vindo do gueto, de serem de uma classe social mais alta?
Tivemos nas duas pontas. Primeiro no nosso hall de amizade, quando a gente convidava alguém para ver a gente tocar no barzinho em Moema, na Vila Olímpia [bairros de São Paulo]. Foi difícil convencer a galera de que o samba é uma música bacana, é legal, é divertido. E quando a gente conquistou essa galera, virou uma moda, um movimento do momento, que tava bombado e a gente estourou, fomos para a periferia. Os primeiros shows de rádio que a gente fez, a galera até conhecia a música, mas ficava de braço cruzado, olhando, perguntando quem eram aqueles caras, os mauricinhos. Chegavam até a falar que não tinha nenhum negro na banda. Existe um preconceito grande. Mas isso muda rapidinho. Muda quando você começa a tocar e os caras ouvem que teu som é legal, que você faz aquilo de uma forma bacana, diferente, que a gente trouxe uma novidade para o estilo do samba. Hoje em dia tem até sambista superconceituado que, talvez não curta nosso estilo de fazer o samba, mas respeita a gente, são nossos amigos. Isso é superlegal, uma grande conquista.
Fonte:site babado Clique aqui pra ver mais
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